O Papilomavírus Humano (HPV) é um vírus transmitido entre seres humanos, principalmente por contato sexual, podendo causar verrugas genitais e até alguns tipos de câncer, como o câncer do colo do útero.
A vacinação é uma estratégia fundamental para prevenir a infecção pelo HPV, sendo disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças e adolescentes, e alguns grupos específicos da população. Além disso, práticas sexuais seguras e exames de rastreamento, como o Papanicolau, são essenciais para detecção precoce e tratamento de lesões precursoras do câncer.
Leia também: Afinal, o que é o vírus?
Resumo sobre o HPV
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HPV é o nome dado a um grupo de vírus que infectam seres humanos e são responsáveis por quase a totalidade dos casos de câncer de colo de útero.
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A principal causa de transmissão do HPV é via práticas sexuais desprotegidas com pessoas infectadas pelo vírus.
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Existem mais de 200 tipos de HPV.
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Os tipos de HPV que infectam seres humanos são classificados como de baixo e alto risco.
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Os tipos de HPV 16 e 18 são classificados como de alto risco e responsáveis por quase todos os casos de câncer de colo de útero.
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Os sintomas do HPV envolvem o aparecimento de verrugas na região genital e o surgimento de alguns tipos de câncer.
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O exame clínico e o Papanicolau são exames eficientes no diagnóstico de infecção por HPV.
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O tratamento depende do tipo de lesão.
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O HPV não tem cura, mas os sintomas podem ser tratados.
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A prevenção contra o HPV envolve medidas como a vacinação, o uso de preservativos durante as práticas sexuais e exames de rastreamento, como o Papanicolau.
O que é HPV?
HPV é a sigla em inglês para Papilomavírus Humano, nome utilizado para se referir a um grupo de vírus da família Papoviridae. São vírus de DNA que infectam o epitélio de alguns animais, como répteis, aves e mamíferos, incluindo seres humanos.
Entre os tipos de HPV que infectam seres humanos, estão os que podem causar verrugas genitais e outros que estão associados ao desenvolvimento de câncer, como o câncer de colo de útero, vagina, vulva, pênis e orofaringe.
Causas do HPV
O HPV é causado por meio da infecção pelo vírus, que pode ocorrer das seguintes maneiras:
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Contato direto com pele ou mucosa infectadas: a principal causa de transmissão do HPV é por meio do contato direto com a pele ou mucosas infectadas, principalmente durante a atividade sexual via sexo vaginal, anal ou oral. O uso de preservativos pode reduzir o risco de infecção pelo HPV, mas não oferece proteção completa, já que o vírus pode estar presente em áreas não cobertas pelo preservativo.
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Transmissão por objetos contaminados: o HPV pode sobreviver em superfícies por períodos variáveis. Portanto, se uma pessoa com HPV tocar um objeto ou superfície e outra pessoa entrar em contato com essa mesma superfície logo em seguida, haverá um risco potencial de transmissão do vírus. No entanto, a transmissão por objetos é considerada menos comum em comparação com a transmissão por contato direto de pele a pele ou mucosa a mucosa.
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Transmissão por contato direto com feridas e abrasões: o HPV pode ser transmitido pelo contato direto com feridas, cortes ou abrasões na pele ou mucosas. Se uma pessoa com HPV tiver feridas visíveis ou lesões na pele ou mucosas, o contato direto com essas áreas pode resultar na transmissão do vírus para outra pessoa.
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Transmissão vertical da mãe para o bebê durante o parto: embora seja considerado um evento raro, o HPV pode ser transmitido da mãe para o bebê durante o parto vaginal. Se a mãe estiver infectada com HPV, o bebê pode entrar em contato com o vírus ao passar pelo canal de parto, o que pode resultar em infecção genital ou de mucosas. No entanto, nem todos os bebês nascidos de mães com HPV adquirem a infecção, e os fatores de risco para essa forma de transmissão não são totalmente compreendidos.
Tipos de HPV
Existem mais de 200 tipos de papilomavírus descritos que se distinguem entre si por alterações em sua sequência de DNA. Desses, cerca de 100 tipos acometem os seres humanos, sendo que 50 tipos acometem a mucosa do aparelho genital. Os tipos de HPV que infectam seres humanos podem ser classificados como vírus de baixo risco e vírus de alto risco.
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HPV de baixo risco: são os tipos de HPV que, ao infectar seres humanos, causam verrugas nos genitais e no ânus. Entre eles estão o HPV 6 e HPV 11.
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HPV de alto risco: são os tipos de HPV que causam ou provavelmente podem causar câncer. Entre eles estão os HPV tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59. Os tipos 16 e 18, especificamente, estão associados a quase totalidade de casos de câncer de colo de útero.
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Sintomas do HPV
Os sintomas do HPV podem se manifestar de diferentes maneiras, dependendo do tipo de vírus e da região do corpo afetada. É importante notar que muitas pessoas infectadas pelo HPV não apresentam sintomas visíveis, o que pode dificultar a detecção da infecção.
De forma geral, em ambos os sexos, os sintomas envolvem o aparecimento de verrugas genitais em infecções por HPV de baixo risco, e o aparecimento de lesões pré-cancerosas e câncer em infecções por HPV de alto risco.
→ Sintomas do HPV em pessoas do sexo feminino
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Verrugas genitais: podem aparecer na região genital externa, na vulva, na vagina, no ânus e na área perianal.
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Alterações no colo do útero: o HPV é uma das principais causas de alterações no colo do útero, que podem ser detectadas por meio de exames de rastreamento, como o Papanicolau. Essas alterações incluem células anormais, lesões pré-cancerosas e câncer. Elas podem não causar sintomas perceptíveis ou ser muito pequenas para serem vistas a olho nu, o que reafirma a importância do rastreamento regular feito por ginecologista.
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Cânceres relacionados ao HPV: em casos mais graves, a infecção pelo HPV pode desencadear diferentes tipos de cânceres, como o câncer do colo de útero, câncer de vulva, câncer de vagina e câncer anal.
É importante ressaltar que, em muitos casos, o paciente pode permanecer infectado pelo HPV sem apresentar sintomas visíveis. Por isso, exames de rastreamento regular, como o Papanicolau, são fundamentais para detectar precocemente quaisquer alterações no colo do útero causadas pelo HPV e iniciar o tratamento, se necessário.
→ Sintomas do HPV em pessoas do sexo masculino
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Verrugas genitais: podem aparecer no pênis, no saco escrotal, ânus e região da virilha.
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Cânceres relacionados ao HPV: o HPV também está associado ao surgimento de alguns tipos de cânceres em pessoas do sexo masculino, como câncer de pênis, câncer anal e câncer de boca e garganta.
Assim como em pessoas do sexo feminino, muitas pessoas do sexo masculino infectadas pelo HPV podem não apresentar sintomas visíveis, especialmente nas fases iniciais da infecção. Por isso, exames médicos regulares e exames de rastreamento são fundamentais para detectar precocemente quaisquer verrugas genitais, lesões pré-cancerosas ou cânceres relacionados ao HPV.
Diagnóstico do HPV
O diagnóstico de infecção por HPV pode ser feito por meio de:
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Exame clínico: o médico pode realizar um exame físico para procurar sinais de infecção pelo HPV, como verrugas genitais ou outras lesões na pele ou em mucosas.
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Papanicolau: é um exame de rastreamento usado para detectar alterações nas células cervicais que podem ser causadas pelo HPV. Durante o exame, o médico coleta uma amostra de células do colo do útero para análise em laboratório. Se forem encontradas células anormais, pode ser indicada a realização de outros exames diagnósticos.
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Colposcopia: se forem encontradas alterações anormais no Papanicolau, o médico pode recomendar uma colposcopia, um exame visual do colo do útero usando uma lente de aumento. Durante a colposcopia, o médico pode realizar biópsias de áreas suspeitas para análise laboratorial.
É importante ressaltar que muitas infecções pelo HPV não causam sintomas visíveis, o que pode dificultar o diagnóstico.
Tratamento do HPV
O tratamento para o HPV depende das manifestações clínicas da infecção e das condições associadas. Em muitos casos, o sistema imunológico é capaz de eliminar o HPV sem a necessidade de tratamento específico. Quando os sintomas aparecem, podem ser realizados os seguintes tratamentos:
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Tratamento de verrugas genitais: pode incluir a eliminação ou remoção das verrugas pelo uso de medicamentos tópicos, ácidos, retirada cirúrgica ou cauterização.
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Tratamento de lesões pré-cancerosas e câncer: se forem detectadas lesões pré-cancerosas ou cânceres relacionados ao HPV, o tratamento dependerá da localização e extensão das lesões. Isso pode incluir procedimentos cirúrgicos, quimioterapia e radioterapia, dependendo do estágio e localização do câncer.
HPV tem cura?
Não há uma cura definitiva para a infecção pelo HPV, no entanto, na maioria dos casos, o sistema imunológico é capaz de eliminar o vírus naturalmente ao longo do tempo. Muitas infecções pelo HPV desaparecem sem causar sintomas ou complicações e não requerem tratamento específico. Para aqueles que desenvolvem verrugas genitais ou lesões precursoras do câncer, o tratamento é focado na remoção das lesões e no controle de possíveis complicações.
Doenças relacionadas ao HPV
O HPV está associado a algumas doenças, sendo as mais comuns o aparecimento de verrugas genitais e o desenvolvimento de alguns tipos de cânceres, como o câncer do colo do útero. Dentre as doenças causadas pelos tipos de HPV de baixo risco, estão:
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Verrugas genitais: os tipos de HPV que não causam câncer, principalmente os tipos 6 e 11, podem causar verrugas genitais. Essas verrugas são protuberâncias que podem variar em tamanho e forma, e que podem aparecer na região genital, ânus, boca ou garganta. Apesar de geralmente não causarem problemas maiores, elas podem causar desconforto e podem ser removidas por aplicação de medicamentos ou por procedimentos cirúrgicos.
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Papilomatose respiratória recorrente: essa é uma condição rara que também está associada aos tipos de HPV 6 e 11. Na papilomatose respiratória recorrente, as vias aéreas se tornam obstruídas por crescimentos de tecido (papilomas) causados pelo HPV, o que pode levar a problemas respiratórios graves.
Já as doenças relacionadas ao HPV de alto risco incluem alguns tipos de câncer, como:
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Câncer do colo do útero: segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, o câncer do colo do útero é a doença mais frequente relacionada ao HPV. Essa doença é causada principalmente pelos tipos 16 e 18, quando a infecção pelo vírus se torna crônica, fazendo com que ocorra um crescimento descontrolado das células, formando lesões pré-cancerosas, que, eventualmente, evoluem para o câncer do colo do útero.
As lesões pré-cancerosas causadas pelo HPV demoram anos para se desenvolverem uma vez que a pessoa é infectada pelo vírus. Por isso, o rastreamento do câncer do colo do útero é tão recomendado pela comunidade médica por meio de exames recorrentes, como o Papanicolau. Quando detectadas precocemente pelos exames, as lesões pré-cancerosas podem ser tratadas e o câncer pode evitado.
Além do câncer do colo do útero, o HPV pode desencadear outros tipos de câncer, embora menos frequentes, como o câncer de vulva, câncer de vagina, câncer de pênis, câncer anal, câncer de boca e garganta (câncer de orofaringe).
Vacina contra o HPV
A vacinação contra o HPV é uma estratégia importante para prevenir a infecção, especialmente quando administrada antes do início da atividade sexual, na adolescência. No Brasil, a vacina contra o HPV foi integrada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 2014, sendo oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Inicialmente, o esquema vacinal era composto por três doses e direcionado principalmente a crianças e adolescentes do sexo feminino entre 9 e 14 anos. Em 2024, o Ministério da Saúde adotou uma nova estratégia, tornando a vacinação contra o HPV em dose única para crianças e adolescentes dessa faixa etária.
Além disso, a vacinação gratuita pelo SUS também está disponível para outros grupos prioritários, como pessoas imunossuprimidas, pacientes oncológicos e vítimas de violência sexual, de 9 a 45 anos. Pessoas de ambos os sexos entre 15 e 45 anos que não se enquadram nesses grupos podem receber a vacina na rede privada.
Prevenção contra o HPV
A prevenção contra o HPV é fundamental para reduzir a incidência de infecções pelo vírus e suas complicações, incluindo o desenvolvimento de câncer. Entre as medidas que podem ser tomadas para prevenir o HPV, estão:
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Vacinação: a vacinação contra o HPV é altamente eficaz na prevenção da infecção pelo vírus e suas consequências, como verrugas genitais e cânceres relacionados ao vírus. A vacina está disponível de forma gratuita pelo SUS para crianças e adolescentes de ambos os sexos entre 9 e 14 anos, preferencialmente antes do início da atividade sexual. Alguns grupos específicos de pessoas até os 45 anos também podem receber a vacina pelo SUS.
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Práticas sexuais seguras: o uso correto e consistente de preservativos pode ajudar a reduzir o risco de infecção pelo HPV, embora não ofereça proteção completa, já que o vírus pode estar presente em áreas não cobertas pelo preservativo.
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Exames de rastreamento: exames de rastreamento, como o Papanicolau, são fundamentais para detectar precocemente lesões pré-cancerosas causadas pelo HPV, especialmente no colo do útero. Pessoas com útero devem realizar exames de Papanicolau regularmente conforme as recomendações médicas.
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Educação e conscientização: educar-se sobre o HPV, suas formas de transmissão e prevenção é essencial. Isso pode incluir conversas com profissionais de saúde, leitura de materiais informativos e participação em programas de conscientização sobre saúde sexual.
Fontes
CARDIAL, Márcia Fuzaro Terra et al. Papilomavírus humano (HPV). Femina, p. 94-100, 2019.
FIOCRUZ. Prevenção e tratamento do HPV. Fundação Oswaldo Cruz, 01 fev. 2018. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/prevencao-e-tratamento-do-hpv.
NAKAGAWA, Janete Tamani Tomiyoshi; SCHIRMER, Janine; BARBIERI, Márcia. Vírus HPV e câncer de colo de útero. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 63, p. 307-311, 2010.
OPAS. HPV e câncer do colo do útero. Organização Pan-Americana da Saúde, [s.d.]. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/hpv-e-cancer-do-colo-do-utero.