A doença da vaca louca causa preocupação desde a década de 80, quando os primeiros casos foram diagnosticados no Reino Unido. Na ocasião, a doença desencadeou a morte de vários animais e um grande prejuízo econômico.
Ela acomete o sistema nervoso central de animais bovinos, provocando, entre outros sintomas, nervosismo e reação exagerada a estímulos externos. A forma clássica é transmitida por meio da ingestão de alimentos contaminados, enquanto a forma atípica desenvolve-se de maneira espontânea.
Até o momento, a doença da vaca louca clássica não foi identificada no Brasil, porém sua forma atípica, sim. O ser humano, ao comer carne e subprodutos provenientes de animais doentes, pode adquirir uma doença conhecida como a variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ), a qual provoca alterações motoras e sintomas psiquiátricos.
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Resumo sobre doença da vaca louca
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A doença da vaca louca, também chamada de Encefalopatia Espongiforme Bovina é uma doença priônica.
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É degenerativa e atinge o sistema nervoso central.
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Dentre os sintomas da doença, pode-se citar nervosismo e dificuldade de locomoção.
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Não há tratamento ou vacina para a doença.
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Caso o ser humano consuma carne ou subprodutos de bovinos com a doença, ele pode desenvolver a variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ).
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A variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ) provoca sintomas psiquiátricos e alterações motoras.
O que é a doença da vaca louca?
A doença da vaca louca ou Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) é uma doença degenerativa crônica que afeta o sistema nervoso central de bovinos e faz parte das chamadas Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (EET). A doença é fatal e transmissível, porém não contagiosa.
Seu período de incubação é de, em média cinco anos. Devido ao longo período de incubação, a doença se desenvolve em animais adultos. Vale salientar que a forma atípica da doença ocorre geralmente em animais velhos, com idade superior a sete anos.
Os primeiros registros de casos da doença ocorreram na Europa, em meados dos anos 80, mais precisamente no Reino Unido, em 1986. Durante esse surto epidêmico, vários animais tiveram que ser sacrificados, o que acabou desencadeando também grave prejuízo econômico. Mais de 180.000 animais foram mortos na ocasião. De acordo com alguns autores, estima-se mais de três milhões de bovinos tenham contraído a doença e morrido no estágio pré-clínico. Até o momento, a doença não possui tratamento ou vacina.
Causa da doença da vaca louca
A doença da vaca louca, diferentemente do que muitas pessoas pensam, não é provocada por vírus ou bactérias. Trata-se de uma doença priônica, ou seja, é provocada por príon, uma proteína infecciosa proveniente da modificação de uma proteína normal.
A teoria mais aceita estabelece que esse príon infeccioso surge de maneira espontânea nos bovinos, provocando a doença. O príon causador da enfermidade possui três tipificações, de acordo com o peso molecular que possui. O causador da doença da vaca louca clássica apresenta peso molecular considerado padrão, enquanto o príon de peso molecular alto e o príon de peso molecular baixo são responsáveis por desenvolverem sua forma atípica.
Transmissão da doença da vaca louca
A doença da vaca louca se desenvolve de duas maneiras em um bovino. Na forma clássica, a doença é adquirida a partir da ingestão de alimentos contaminados com o príon infecioso, como farinha de carne e ossos. Já na forma atípica, a ocorrência é natural, com a condição surgindo de maneira espontânea, sem apresentar relação com a ingestão de alimentos. A forma atípica não é considerada preocupante e acomete bovinos mais velhos.
Sintomas da doença da vaca louca
A doença da vaca louca recebeu essa denominação devido ao comportamento atípico dos bovinos infectados. Essa enfermidade é uma doença afebril, caracterizada pela presença de sintomas como nervosismo, dificuldade de locomoção e reação exagerada a estímulos externos.
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Diagnóstico da doença da vaca louca
O diagnóstico definitivo da doença só é feito post mortem com a realização de exame histológico seguido da técnica de imuno-histoquímica em amostras do sistema nervoso central do animal. Vale destacar que diante de manifestações clínicas que se assemelham à doença da vaca louca, deve-se notificar as autoridades de defesa sanitária locais.
A doença da vaca louca pode acometer humanos?
A enfermidade acomete animais bovinos, porém, quando os seres humanos ingerem carne e derivados de animais contaminados pela doença, desenvolvem um tipo de EET denominada de variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ).
A vDCJ é uma doença priônica, assim como a doença da vaca louca, e acomete principalmente pessoas jovens, desencadeando sintomas comportamentais, psiquiátricos e sensoriais. Dentre os sintomas, podemos citar psicose, depressão, ansiedade, alucinações auditivas e visuais, agitação, irritabilidade, esquecimento e alterações motoras.
A condição só pode ser confirmada após a realização de exame neuropatológico com fragmentos do cérebro, porém a realização de outras análises pode ajudar no diagnóstico, como exames de sangue para avaliação genética no príon e a verificação de líquor para detecção de uma proteína neuronal. Desde que a doença foi descrita pela primeira vez, em 1995, 178 pessoas já morreram como consequência da vDCJ.
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Prevenção da doença da vaca louca
Após os casos da doença da vaca louca em 1986, os países precisaram adotar medidas sanitárias ainda mais rígidas para evitar que a doença se espalhasse. Uma das medidas adotadas foi a proibição da utilização de proteína originada de tecidos de ruminantes na alimentação de ruminantes. Além disso, há um controle rigoroso da importação de animais e seus subprodutos e a obrigatoriedade de notificação da doença.
Como exemplo desse protocolo realizado entre os países, há a suspensão da exportação de carne brasileira para a China em 2021, após a confirmação de dois casos da doença da vaca louca. Como dito anteriormente, os casos identificados no Brasil são apenas da doença atípica, que, até o momento, acredita-se que não seja transmissível. Entretanto, para garantir a saúde da população e dos animais, a suspensão é feita até que se analise detalhadamente se há risco no recebimento e consumo da carne pelo país.
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