Diversas são as doenças transmitidas através de relações sexuais, dentre elas, destaca-se a clamídia. Essa infecção genital é causada pela Chlamydia trachomatis, uma bactéria pertencente à família Chlamydiaceae que infecta o epitélio do canal endocervical e a uretra. Segundo a Organização Mundial de Saúde, estima-se que 90 milhões de novos casos sejam registrados anualmente no mundo.
Geralmente assintomática, a clamídia nem sempre é diagnosticada precocemente. Estima-se que apenas 20% das mulheres apresentem sintomas, que normalmente são corrimento, pequena coceira vaginal, ardência ao urinar e dor abdominal. Ao realizar exame ginecológico, é comum ocorrer sangramento. Além disso, durante o exame, é possível observar um corrimento mucopurulento ou mucoturvo e ectopia cervical.
Quando não tratada, a clamídia pode ocasionar dores durante as relações sexuais, dores na região pélvica e sangramentos fora dos períodos menstruais. Como complicações da doença, destacam-se a salpingite e a DIP (Doença Inflamatória Pélvica), sendo essa última uma das principais causas de infertilidade, gravidez ectópica e aborto. Essa doença também pode gerar danos tubários que, normalmente, são irreparáveis e prejudicam a vida reprodutiva das mulheres acometidas. Em gestantes, pode levar ao parto prematuro, morte da criança e doença inflamatória pélvica pós-parto.
No homem, a infecção pode ocasionar uma uretrite, ou seja, uma inflamação na uretra. Essa inflamação causa dificuldade ao urinar e corrimento uretral de coloração esbranquiçada. Quando não tratada, pode levar à Síndrome de Reiter — uma doença reumática — e à infetilidade. Além disso, acredita-se que a clamídia aumente os riscos de adquirir o HIV tanto em homens quanto em mulheres.
Como dito anteriormente, a clamídia é uma doença sexualmente transmissível, sendo, portanto, transmitida através do contato sexual íntimo sem a devida proteção. Por geralmente ser assintomática, é uma doença facilmente transmissível, uma vez que o parceiro muitas vezes não sabe que a possui. Além da relação sexual, a clamídia também é transmitida de mãe para o filho, ocasionando diversos problemas ao bebê, como conjuntivite e pneumonia.
A doença é diagnosticada através de exames laboratoriais, tais como a cultura, a imunofluorescência direta e o enzimaimunoensaio. O tratamento é feito através do uso de antibióticos, sendo normalmente utilizadas a azitromicina e a doxiciclina. Em gestantes, a droga utilizada é normalmente a azitromicina ou eritromicina. Durante todo o período de tratamento e sete dias após, o paciente não deve manter relações sexuais.
É importante destacar que os parceiros sexuais do paciente diagnosticado com clamídia também devem realizar exames e, se confirmado o diagnóstico, realizar o tratamento adequado. O não tratamento do parceiro pode ocasionar a reinfecção.
Para prevenir-se da doença, use sempre preservativos e diminua o número de parceiros sexuais. Lembre-se de sempre procurar o médico ao sentir dificuldade de urinar e corrimentos anormais.
A clamídia é uma doença de alta frequência e que merece atenção especial, principalmente por estar relacionada com grande quantidade de casos de esterilidade. O diagnóstico e tratamento corretos podem evitar consequências graves para mulheres grávidas e recém-nascidos.
Por Ma. Vanessa dos Santos