O escorbuto é uma doença relacionada à deficiência de vitamina C. Nos dias atuais, é pouco frequente, mas pode ser observado em alguns grupos de risco. Apresenta uma série de manifestações clínicas, sendo uma delas as hemorragias na gengiva. A seguir comentaremos mais a respeito dessa importante doença, fazendo também um apanhado histórico sobre ela.
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Sintomas e diagnóstico do escorbuto
Os primeiros sintomas que surgem associados ao escorbuto são fraqueza, dores musculares e irritabilidade. Com o passar do tempo, vão surgindo sintomas como hemorragias nas gengivas, alterações na pele, edema (inchaço causado pelo acúmulo de líquido) nas articulações, infecção e até morte.
O diagnóstico é feito pela análise dos sintomas e da história de vida do paciente (por exemplo, conhecendo a sua dieta), bem como por meio da administração de vitamina C. A aplicação de vitamina C pode ser utilizada no diagnóstico em razão da rápida melhora dos sintomas após o início do tratamento com ela. Exames de dosagem dessa vitamina no organismo também podem ser realizados.
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Tratamento e prevenção do escorbuto
A vitamina C é útil tanto na prevenção quanto no tratamento do escorbuto.
O tratamento do escorbuto é realizado por meio da suplementação de vitamina C. Os sintomas já começam a apresentar melhoras a partir de 24 horas após o início do tratamento. É importante destacar que a suplementação deve ser realizada sob orientação médica. Jamais o paciente deve se automedicar.
É importante destacar também que o uso de vitamina C sintética não é o mais recomendado para a prevenção dessa doença. Muitas pessoas têm o hábito de ingerirem a vitamina C sintética acreditando que ela auxilia na prevenção não só do escorbuto, mas de diversas outras doenças, como a gripe. No entanto, a melhor forma de prevenção é a ingestão de frutas e vegetais.
Além da vitamina C, frutas e vegetais são ricos em outras vitaminas e compostos que trazem grandes benefícios à saúde, como os compostos antioxidantes, que atuam no combate de radicais livres no organismo. Os radicais livres estão associados ao envelhecimento e a doenças como artrite, cardiopatias, câncer, doenças do sistema imune, entre outras.
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História do escorbuto
O escorbuto aflige os seres humanos há séculos. Documentos antigos mostram que os egípcios já conheciam a doença desde 1515 a.C., mas ela foi associada à deficiência de vitamina C no organismo apenas no século XVIII.
Durante as Grandes Navegações (processo de exploração e navegação do Oceano Atlântico que se iniciou no século XV), muitos marinheiros morreram dessa enfermidade. O médico escocês James Lind, no ano de 1747, realizou o primeiro ensaio clínico de que se tem notícia na história da medicina para encontrar as causas da doença.
Lind dividiu doze dos marinheiros que se encontravam acometidos por essa doença em seis grupos de dois. Todos tinham a mesma dieta, no entanto, cada grupo recebia uma complementação com um item específico. Entre os seis grupos, apenas um se curou – aquele que recebeu como complemento nutricional limões e limas frescas.
Diante dos resultados obtidos em seu experimento, James Lind foi o primeiro a relacionar a mortalidade dos marinheiros à deficiência de vitamina C. No entanto, o fator antiescorbuto nos mais diversos alimentos só foi descoberto, isolado e denominado de vitamina C no ano de 1928, pelo cientista Albert von Szent-Györgyi.
Nos dias atuais, o escorbuto é uma doença de baixa prevalência. Os casos observados dessa doença atualmente ocorrem em grupos especiais, os chamados grupos de risco. Esses grupos são constituídos, por exemplo, por pessoas que não têm uma dieta adequada ou que apresentam distúrbios alimentares, problemas de absorção e alcoolismo.
Vitamina C
A vitamina C, ou ácido ascórbico (AA), é uma vitamina hidrossolúvel (solúvel em água) e não é sintetizada pelo nosso organismo, sendo encontrada em verduras e frutas, especialmente frutas cítricas, como acerola, caju e mexerica.
Essa vitamina tem papel antioxidante e atua na síntese de colágeno, uma proteína presente em praticamente todos os tecidos do corpo, assim, a sua deficiência pode ocasionar, por exemplo, problemas de cicatrização e degeneração da pele. A vitamina C também é importante para o metabolismo do ferro, síntese de lipídios e proteínas, fortalecimento do sistema imune, entre outros fatores, sendo extremamente importante sua ingestão diária.
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A dosagem recomendada diariamente varia de acordo com o sexo, idade e fatores como gravidez, amamentação, traumas, infecções, entre outros. A vitamina C ingerida é absorvida no intestino delgado e o seu excesso é eliminado do organismo de diversas maneiras, como na urina, suor, respiração e fezes.