A esquistossomose, também chamada de barriga-d'água, é uma doença parasitária causada por um platelminto da classe trematódeo denominado de Schistosoma mansoni. Ocorre em várias regiões tropicais do planeta. No Brasil, estima-se que existam cerca de 2,5 milhões de pessoas com o problema.
→ Ciclo biológico
No nosso corpo, o macho e a fêmea de S. mansoni são encontrados normalmente acasalados, com a fêmea alojada no canal ginecóforo do macho. Quando instalada nesse local, a fêmea é facilmente fecundada e inicia a postura dos ovos dentro das vênulas do intestino. Os ovos contendo embriões migram para a luz intestinal, migração essa que pode ocasionar pequenas hemorragias.
Os ovos maduros, geralmente, são eliminados com as fezes e contêm o miracídio (primeira forma larvária do S. mansoni). Caso entrem em contato com a água, o organismo continua seu desenvolvimento; caso contrário, morrem no intervalo de quatro a cinco dias. Quando a água penetra no ovo, rompe a casca, e o miracídio sai em busca do hospedeiro intermediário. No Brasil, o hospedeiro intermediário são os caramujos da família Planorbidae e do gênero Biomphalaria.
Assim que encontra o hospedeiro intermediário, o miracídio adentra seu corpo. Após cerca de 48 horas, o miracídio torna-se um esporocisto primário, que origina os esporocistos secundários e, após algumas semanas, as cercárias, que são liberadas do corpo do caramujo. Essa liberação ocorre principalmente no período entre 11 e 15 horas, uma vez que se relaciona com a luz e a temperatura.
Na forma de cercária, o S. mansoni é capaz de infectar o homem ou outro vertebrado, como roedores, marsupiais e ruminantes. A cercária penetra ativamente na pele, produzindo uma pequena irritação. Quando entra no corpo, transforma-se em esquistossômulos, que caem na circulação sanguínea ou linfática e são levados ao coração e pulmão, local onde se estabelece por um certo tempo. Posteriormente, são levados para as mais variadas partes do organismo, mas se estabelecem no fígado, que é o órgão preferencial do parasito, onde crescem e diferenciam-se sexualmente. Em seguida, migram para as veias mesentéricas, onde completam sua evolução.
Os vermes adultos acasalam-se e iniciam a postura dos ovos, os quais migram para a luz intestinal. Nesse momento, o afetado pode apresentar diarreia mucossanguinolenta e outros distúrbios gastrointestinais. Os ovos que não atingem a luz intestinal ficam presos nos tecidos, formando granulomas que podem dificultar a passagem de sangue nos vasos.
→ Sinais e sintomas da esquistossomose
A esquistossomose pode ser ou não sintomática e depende da intensidade da infecção. Inicialmente, um sintoma muito comum são reações alérgicas decorrentes da penetração das cercárias na pele. Nessa fase, pode ocorrer a dermatite cercariana, que lembra uma pequena picada de inseto.
Após algumas semanas da infecção, podem surgir outros sintomas, tais como febre, tosse seca, sudorese, dor no fígado e intestino, dor de cabeça, prostração, diarreia, entre outros. No exame, é comum perceber o aumento do tamanho do fígado e do baço (hepatoesplenomegalia). Na forma crônica da doença, pode-se observar hipertensão pulmonar, acúmulo de água no abdome (ascite) e ruptura de varizes do esôfago, entre outras manifestações. Por causa da ascite, a doença também é chamada de barriga-d'água.
→ Transmissão da esquistossomose
A esquistossomose não pode ser transmitida pelo contato direto entre pessoas. Para que ocorra a infecção, é fundamental que o esquistossoma saia do hospedeiro definitivo, complete todo o seu ciclo, passe pelo hospedeiro intermediário e retorne para o homem.
→ Tratamento da esquistossomose
O tratamento da esquistossomose é feito analisando-se o estágio e os sintomas que o paciente apresenta. Inicialmente, logo após a penetração da larva, pode-se observar uma dermatite cercariana. Essa fase pode ser tratada com anti-histamínicos a fim de parar a coceira e outros medicamentos indicados pelo médico. Nas fases mais avançadas, o tratamento é feito, geralmente, com o uso de medicamentos denominados de praziquantel e oxamniquine.
O tratamento da esquistossomose é importante para curar a doença, entretanto, seu papel vai além disso. É importante tratar o doente para que o ciclo da doença interrompa-se, evitando a contaminação de outras pessoas. Para impedir a propagação da doença, é necessário também investir em saneamento básico de qualidade.
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