A hanseníase, conhecida durante muito tempo como lepra, é uma doença bacteriana, contagiosa e que afeta a pele e os nervos periféricos. É uma das doenças mais antigas a acometerem o homem e tem sua história marcada por muito preconceito contra os doentes.
O Brasil é o segundo país do mundo em registros de novos casos da doença, o que a torna um problema de saúde pública. A seguir, apresentamos um pouco mais da história dessa doença, bem como sua classificação, sintomas, diagnóstico, prevenção e tratamento.
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O que é a hanseníase?
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria, o bacilo gram-positivo Mycobacterium leprae, também chamado de bacilo de Hansen. Acredita-se que a principal forma de transmissão seja por meio das vias aéreas, quando há o contato prolongado com um doente que não esteja em tratamento, apresentando, assim, a forma infectante da doença.
Essa doença acomete principalmente a pele e os nervos periféricos, no entanto, pode afetar também órgãos internos, como testículos, fígado, entre outros. Se não tratada adequadamente, a hanseníase pode causar incapacidades físicas permanentes, como a restrição de movimentos, em razão, principalmente, do acometimento dos nervos periféricos.
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Classificação da hanseníase
A hanseníase pode ser classificada de quatro formas:
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Hanseníase indeterminada: essa é a forma inicial da doença e caracteriza-se pela presença de até cinco manchas, não havendo o comprometimento neural do indivíduo. Na maioria dos casos, essa forma evolui naturalmente para a cura.
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Hanseníase tuberculoide: apresenta manchas ou placas com até cinco lesões e há o comprometimento de um nervo.
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Hanseníase borderline: também conhecida como dimorfa, apresenta manchas e placas com mais de cinco lesões e há o comprometimento de dois ou mais nervos.
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Hanseníase virchowiana: forma da doença em que há muitas lesões na pele e comprometimento de estruturas, como o nariz. Essa é a forma mais disseminada da doença.
Sinais e sintomas da hanseníase
Alguns sinais e sintomas podem ser indicativos de hanseníase, sendo levados em consideração para a realização do diagnóstico. Podemos destacar os seguintes:
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Manchas na pele, geralmente esbranquiçadas, avermelhadas ou acastanhadas, apresentando alterações de sensibilidade à dor, ao calor e/ou ao tato;
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Formigamentos, dor, choques e câimbras nos braços e pernas, que evoluem para dormência;
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Nódulos (caroços) no corpo, podendo ser dolorosos;
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Diminuição de pelos, especialmente nas sobrancelhas, e suor;
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Dor, choque e espessamento de nervos periféricos, o que pode levar à perda de sensibilidade, bem como à perda da força muscular nas áreas inervadas por esses nervos;
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Edema (inchaço) de mãos e pés;
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Entupimento, feridas e ressecamento do nariz;
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Ressecamento dos olhos, entre outros sintomas.
Diagnóstico da hanseníase
O diagnóstico da hanseníase deve ser realizado o mais rápido possível para uma maior eficácia no tratamento e também para evitar o contágio de outras pessoas. A realização do diagnóstico ocorre mediante análise clínica, avaliação da história de vida do paciente e alguns exames. Na análise clínica, são observados possíveis comprometimentos neurais no paciente, bem como alterações anatômicas e sensitivas, sem que haja a presença de lesões.
Entre os exames realizados, estão o exame dermatoneurológico e a baciloscopia. O exame dermatoneurológico avalia regiões da pele possivelmente afetadas, bem como implicações nos nervos periféricos. A baciloscopia, um exame laboratorial, é realizada por meio de esfregaços intradérmicos de regiões específicas do paciente. Todavia, um resultado negativo desse exame não descarta o diagnóstico de hanseníase.
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Prevenção e tratamento da hanseníase
Não existem métodos que permitam a prevenção contra a hanseníase. No entanto, algumas medidas podem auxiliar para que o número de casos não aumente e para que a doença não cause danos mais sérios. Algumas das medidas que podemos destacar são:
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Conscientização da população a respeito da doença e da necessidade do diagnóstico precoce;
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Realização do tratamento até a completa cura;
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Prevenção e tratamento das incapacidades;
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Vigilância epidemiológica, entre outras.
Todo doente de hanseníase tem direito a tratamento gratuito, disponível nas unidades de saúde. O tratamento é realizado com uma associação de antimicrobianos, a poliquimioterapia. Esse método passou a ser indicado pela Organização Mundial de Saúde a partir de 1980 como uma forma de controle e tratamento da doença. A hanseníase tem cura, e o seu tratamento, se iniciado da forma mais precoce possível, auxilia na prevenção contra o surgimento das incapacidades, além de evitar a transmissão da doença.
Para fins operacionais de tratamento, os doentes podem ser classificados de duas maneiras:
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Paucibacilares: apresentam até cinco lesões na pele e resultado do exame de baciloscopia negativo. Esses indivíduos apresentam baixa carga bacilar e não podem contaminar outras pessoas. Também podem se curar de maneira espontânea.
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Multibacilares: apresentam seis ou mais lesões ou resultado do exame de baciloscopia positivo. Esses indivíduos apresentam uma maior carga bacilar, sendo fontes de infecção para outras pessoas.
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História da hanseníase
A hanseníase é considerada uma das doenças mais antigas a acometerem o ser humano. A sua origem ainda é motivo de debates: alguns autores acreditam que ela tenha surgido na África; outros, na Ásia. Na Bíblia Sagrada, há várias passagens que relatam casos de pessoas com essa doença, lá denominada lepra. Além da Bíblia, há relatos da doença em outras escrituras, como a literatura chinesa e indiana datadas de séculos antes de Cristo.
A história da hanseníase também é marcada por muito preconceito, pois, antigamente, creditavam-se as causas da doença a um castigo dos deuses. Além disso, por causa da ausência de cura (atualmente a doença tem tratamento e cura) e por ser contagiosa, muitos doentes foram marginalizados.
Durante muito tempo, quem apresentava a doença deveria vestir roupas diferenciadas, não poderia frequentar determinados locais, como igrejas, não poderia exercer diversas profissões, entre diversas outras formas de exclusão. Até por volta de 1950, o tratamento dos doentes também era realizado de forma diferenciada, em hospitais-colônias, onde os doentes ficavam isolados.
No ano de 1976, em razão da sugestão de diversos autores durante a década de 1960, o Ministério da Saúde adotou a mudança do nome lepra para hanseníase, uma forma de tentar quebrar os diversos preconceitos existentes com a doença. O nome hanseníase é uma homenagem ao pesquisador Gerhard Armauer Hansen, que identificou, em 1873, o bacilo causador da doença.
Janeiro Roxo
Iniciada no ano de 2016, por meio do Ministério da Saúde, a campanha “Janeiro Roxo” busca conscientizar a população a respeito da hanseníase, por intermédio da realização de diversas atividades por todo o país. A relevância da campanha deve-se ao grande número de casos de hanseníase que ainda surgem no país. No último domingo do mês de janeiro, também se celebram o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase e o Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase.