Sepse, popularmente chamada de infecção generalizada, é a resposta do organismo a uma infecção, ocasionando uma disfunção orgânica. Essa síndrome clínica está relacionada também com a presença da Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS). A infecção pode ser causada por organismos diversos, como vírus, bactérias, fungos e protozoários.
A sepse tem sido objeto de estudos e muita preocupação, devido ao alto índice de mortalidade que apresenta. Demonstra sinais diversos, pois é dependente do tipo de organismo que está causando a infecção, do local de origem da infecção, do sistema imune do paciente, entre outros fatores. Assim, é importante um diagnóstico eficaz para determinar-se o tratamento adequado.
→ Diagnóstico
O diagnóstico de sepse é realizado por meio de avaliação clínica e exames complementares, como laboratoriais e de imagem. Por exemplo:
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hemograma completo;
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ureia e creatinina;
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glicemia;
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proteína C reativa;
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raio-X de tórax;
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hemocultura, entre outros.
→ Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas devem ser observados para auxiliar no diagnóstico de sepse. Apresentamos alguns deles a seguir:
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febre (> 38,3 ºC) ou hipotermia (< 36 ºC);
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balanço de fluidos positivos - edema (> 20ml/kg/24 horas);
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leucocitose (LT > 12.000 células/mm3), leucopenia (LT < 4.000 células/mm3), ou valores normais, no entanto com mais de 10% de formas imaturas;
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proteína C reativa (> 2 DP [desvio-padrão] acima do valor normal);
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hipotensão;
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taquicardia inexplicada;
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baixa resistência vascular sistêmica;
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alteração sensorial;
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alterações da função renal;
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hiperglicemia (>120 mg/dl, descartando diabetes mellitus);
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alterações da função hepática;
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trato gastrointestinal: íleo paralítico, entre outros.
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→ Em bebês
A sepse é umas das principais causas de morte em crianças. A taxa de mortalidade decorrente dos casos mais graves em crianças é de 50%. Muitos fatores estão relacionados a essa reação, como a não realização de vacinação e a falta de acesso aos serviços de saúde.
Em recém-nascidos (sepse neonatal), segundo o Ministério da Saúde, se os primeiros sinais aparecerem em até 48 horas após o nascimento, denomina-se sepse precoce; após as 48 horas, sepse tardia. No entanto, o diagnóstico de sepse neonatal é incerto, pois não há testes diagnósticos definitivos.
As causas de sepse neonatal podem ser diversas, como algum fator de risco materno, organismos presentes no trato genital materno, o próprio ambiente hospitalar, entre outras.
Staphylococcus aureus é o agente etiológico prevalente em análises de culturas de crianças internadas em UTIs em diversas partes do mundo.
Estudos mostram que o agente etiológico prevalente em análises de culturas de crianças internadas em UTIs pediátricas em diversas partes do mundo é o Staphylococcus aureus. O Staphylococcus aureus é uma bactéria que está associada a infecções diversas, como as de pele (impetigo, por exemplo), e também a lesões em diversos locais. Essa bactéria, embora seja encontrada em diversos ambientes, é comum em ambiente hospitalar.
É importante destacar que existem cepas dessas bactérias que são resistentes a antibióticos. A proporção de cepas de S. aureus resistente à meticilina (MRSA), em UTIs no Brasil, pode chegar até 80%. A meticilina é um antibiótico lançado como alternativa à penicilina, devido ao fato de diversas cepas serem resistentes a esse medicamento.
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É observado que os casos admitidos em UTIs pediátricas em que os pacientes estão em início de tratamento ou com demora no diagnóstico já apresentam envolvimento de dois ou mais órgãos, além de sinais de disfunções, como a circulatória periférica. Isso mostra o quanto é importante que o diagnóstico seja feito de maneira eficaz e rápida, assim como deve ser o início do tratamento, pois os sinais citados anteriormente são características de sepse grave e podem evoluir para o óbito.
→ Tratamento
Embora o tratamento ainda seja um desafio diante das dificuldades do diagnóstico e das complicações que podem surgir, ele deve ser iniciado de forma rápida, pois, assim, há maiores chances de cura. O tratamento segue um protocolo, e, dentre suas etapas, podemos destacar: estabilização hemodinâmica, antibioticoterapia, corticoterapia, terapia vasopressora, nutrição do paciente, entre outras.