Alguns alelos, formas alternativas de um mesmo gene, causam a morte de seus portadores e, por isso, são chamados de letais. Os alelos letais podem ser completos, quando matam seus portadores antes da idade reprodutiva, ou semiletais, quando os portadores sobrevivem além da idade reprodutiva.
→ Como os alelos letais foram descobertos?
Os alelos letais, como muitas informações importantes das ciências, foram descobertos ao acaso. Um geneticista, Lucien Cuenot, estudava a cor da pelagem em camundongos em 1904 quando percebeu que era impossível conseguir linhagem pura desses animais com fenótipo amarelo.
Diante desses resultados, o geneticista resolveu realizar alguns cruzamentos-teste. Nesses cruzamentos, ele utilizou dois indivíduos amarelos, e o resultado sempre era 2/3 de camundongos amarelos e 1/3 de camundongos cinza.
Ao observar a proporção de 2:1, Cuenot percebeu que indivíduos homozigóticos para a pelagem amarela não se desenvolviam e que o alelo condicionante provavelmente era letal. Sendo assim, todo camundongo amarelo deveria ser obrigatoriamente heterozigoto.
Para ter certeza de sua descoberta, o geneticista resolveu testar sua hipótese. Para isso, cruzou um camundongo amarelo com um camundongo cinza e obteve metade dos descendentes amarelos e a outra metade cinza. Esse resultado confirmou, então, sua teoria.
→ Exemplos de alelos letais
Existem diversos casos de alelos que, em homozigose, causam a morte do indivíduo, inclusive na espécie humana. Um desses alelos é responsável pela Tay-Sachs, isto é, uma doença neurodegenerativa que provoca degeneração física e mental intensa e normalmente ocasiona a morte do indivíduo antes dos cinco anos de vida.
Além da doença de Tay-Sachs, a acondroplasia também é um exemplo de problema desencadeado por um alelo letal. Se os alelos para acondroplasia, que são dominantes, aparecerem em homozigose, o embrião morrerá antes mesmo do nascimento. Se o alelo aparecer em dose simples, ocorrerá o nanismo.
Podemos citar ainda a fibrose cística, que é causada por um gene autossômico recessivo. O gene causador dessa doença afeta as glândulas exócrinas, o que desencadeia problemas na produção de secreções, que se tornam espessas e apresentam-se em maior quantidade, afetando o desenvolvimento de alguns órgãos, como os pulmões.
Podemos citar ainda casos de genes letais que ocorrem em outros organismos, como é o caso de plantas. No milho, por exemplo, podem nascer plantas homozigóticas recessivas completamente desprovidas de clorofila. Sem esse pigmento, as plantas não realizam fotossíntese e, consequentemente, morrem.
Por Ma. Vanessa dos Santos