A malária, também conhecida como impaludismo, maleita ou sezão, é uma doença infecciosa causada por protozoários e bastante comum em países tropicais. No Brasil, ela é endêmica da região Norte, principalmente na Amazônia, já que as condições ambientais e socioculturais permitem a sua disseminação.
Agente causador da malária
A malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium: Plasmodium vivax, P. falciparum, P. malariae e P. ovale. No Brasil, encontram-se apenas os três primeiros, mas o P. vivax e o P. falciparum são as espécies predominantes. O P. ovale tem transmissão natural apenas na África.
Formas de transmissão da malária
A transmissão natural ocorre pela picada da fêmea de um mosquito do gênero Anopheles, conhecido como mosquito-prego, infectado pelo Plasmodium. Como os protozoários atacam as hemácias, o contato com o sangue de uma pessoa doente pode também transmitir a doença. Por essa razão, há um controle extremamente rígido para a seleção de doadores de sangue e órgãos, além da análise do material para esses procedimentos a fim de evitar a transmissão dessa e de outras doenças. Pode ocorrer também a transmissão neonatal.
Ciclo da malária
→ No homem
No homem – hospedeiro intermediário do plasmódio –, ocorre o ciclo assexuado, denominado de esquizogônico. Com a saliva do mosquito, ocorre a inoculação das formas do plasmódio, denominadas de esporozoítos, que circulam na corrente sanguínea até penetrarem o fígado e baço. Durante essa fase, ocorre a reprodução por divisão múltipla, o que origina a forma denominada de merozoítos. Alguns protozoários, como o P. vivax, produzem também formas latentes – os hipnozoítos –, que são responsáveis pelas recaídas da doença meses ou anos depois.
Ao final dessa fase, os merozoítos são lançados na corrente sanguínea e invadem as hemácias, onde sofrem novas divisões múltiplas e acabam por romper essas células sanguíneas. Esse processo repete-se até que aparecem formas que não mais se dividem, os gametócitos, que são ingeridos pelo mosquito ao picar uma pessoa infectada.
→ No mosquito
No trato digestório do mosquito – hospedeiro definitivo do plasmódio –, os gametócitos ingeridos originam os gametas. A fecundação dos gametas produz o oocineto, um ovo móvel que se fixa na parede do tubo digestório, onde dará origem ao oocisto. Este produz esporozoítos por meio de divisão múltipla. Os esporozoítos dirigem-se para as glândulas salivares, de onde são inoculados com a saliva no ser humano por intermédio da picada do mosquito.
- Sintomas
A malária tem um período de incubação que varia entre uma e duas semanas, mas pode chegar a meses. Os primeiros sintomas da doença surgem logo após o rompimento das hemácias. Febre, calafrios e dor de cabeça são os principais. O doente pode apresentar também dores no corpo, náuseas, cansaço, sudorese e tontura. Em casos mais graves, pode haver fortes dores abdominais, sonolência e perda de consciência, o que pode ocasionar o coma.
Embora as manifestações clínicas sejam semelhantes, no caso da malária causada pelo P. Falciparum, pode ocorrer o comprometimento de vários órgãos, como fígado e rins, e de sistemas inteiros, como o sistema nervoso central e circulatório. Assim, são necessários exames laboratoriais complementares para o diagnóstico da doença, pois pacientes portadores dessa espécie de plasmódio devem receber tratamento imediato para evitar essas complicações.
- Tratamento
O tratamento consiste na administração de medicamentos, denominados de antimaláricos, que tentam impedir o desenvolvimento do plasmódio no hospedeiro.
- Prevenção
O combate ao mosquito é uma das principais formas de prevenção contra a malária. A eliminação da larva por meio da drenagem de áreas alagadas, uso de larvicidas e criação de peixes que se alimentem delas são práticas essenciais para evitar o desenvolvimento da doença. O combate ao mosquito adulto é feito com o uso de inseticidas.
A prevenção contra a picada do mosquito é extremamente importante. Para isso, deve ser feito o uso de roupas claras e mangas compridas; uso de barreiras, como telas e mosquiteiros e uso de repelente com DEET (N-N-dietilmetatoluamida).
OBS.: Crianças com menos de dois anos não devem usar repelentes sem orientação médica.
Outra forma de prevenção é a quimioprofilaxia, que é a administração de antimaláricos em doses subterapêuticas a fim de reduzir formas clínicas graves e complicações decorrentes principalmente do contágio por P. Falciparum.
Evitar o contato com sangue contaminado, rigor na análise de materiais a serem usados em transfusões e doações de órgãos – o que já ocorre no Brasil – e cuidados na hora do parto também são fundamentais.
Por Ma. Helivania Sardinha dos Santos
Fonte: Brasil Escola - https://www.biologianet.com/doencas/malaria.htm