A maconha (Cannabis sativa) é a droga ilícita mais usada em todo o mundo. Acredita-se que tenha se originado na Ásia, e seu cultivo começou a ocorrer, a princípio, com o objetivo da extração de fibras, na China. A maconha tem sido alvo de constantes debates.
Por um lado, há o fato de ser uma droga ilícita e que pode causar danos ao organismo. Por outro lado, existem os estudos sobre os benefícios ocasionados por substâncias presentes na planta.
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A maconha, muitas vezes, não é tratada com tanta preocupação como outras drogas, como a cocaína, crack e até mesmo o álcool. Isso se deve ao fato de os efeitos causados por essa droga serem mais sutis que as demais.
No entanto, estudos têm sido realizados de forma a avaliar mais profundamente esses efeitos, e os resultados mostram que, assim como outras drogas, a maconha causa diversos prejuízos, especialmente relacionados à saúde mental.
Os efeitos causados pela maconha estão relacionados à quantidade consumida, qualidade do produto, tolerância do indivíduo, contexto do consumo, associação a outras substâncias, entre outros.
As substâncias causadoras desses efeitos são conhecidas como canabinoides, e os efeitos podem ser classificados como de curto e longo prazo:
Efeitos de curto prazo: podemos destacar a perda da noção de tempo e espaço; alterações sensitivas, como na audição, alucinações; interferência na memória de curto prazo; letargia; taquicardia; entre outros.
Efeitos de longo prazo: podem ser cognitivos, levando o indivíduo a apresentar um baixo aproveitamento escolar, o que o leva muitas vezes a abandonar os estudos; problemas no desenvolvimento fetal, caso haja o consumo durante a gestação; alterações no sistema cardiovascular e respiratório, entre outros.
É importante destacar também que o uso da maconha, durante a gestação, pode gerar uma predisposição ao uso de drogas no indivíduo que está sendo gerado. Outro fator de destaque é que quanto mais cedo se inicia o consumo dessa droga, maiores são os impactos neurológicos causados.
Assim como as demais drogas, a maconha pode causar dependência química, e o risco de desenvolvimento dessa dependência está relacionado à extensão de seu consumo.
No entanto, os sintomas de abstinência são apresentados por um número reduzido de indivíduos. Os sintomas de abstinência apresentados são irritabilidade, insônia, dor de cabeça, depressão, entre outros.
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Muitos estudos têm sido realizados com o intuito de conhecer as substâncias presentes na maconha. Entre aminoácidos, açúcares, terpenos (substâncias presentes em plantas e responsáveis, por exemplo, pelo aroma dos óleos essenciais), canabinoides, entre outras, existem cerca de 500 compostos já identificados.
Os canabinoides são substâncias encontradas especificamente na maconha, sendo a substância encontrada em maior abundância na planta. Já foram identificados cerca de 86 tipos de canabinoides, os quais podem ser classificados em dois tipos: canabinoides psicoativos e não psicoativos. Dentre os diversos tipos de canabinoides, destacaremos dois: o tetra-hidrocanabidiol e o canabidiol.
O tetra-hidrocanabidiol é um tipo de canabinoide psicoativo, sendo o mais abundante e o principal responsável pelos efeitos psicoativos derivados do consumo da maconha.
Entre os mecanismos de ação do THC no organismo, tem sido sugerido que ele inibe a libertação de um neurotransmissor inibitório (neurotransmissores são moléculas presentes nas vesículas sinápticas dos neurônios, atuando na resposta inibitória ou excitatória após a sinapse) para os neurônios secretores de algumas substâncias, como a dopamina, liberando-a assim em diversas regiões do cérebro.
A dopamina é um neurotransmissor que influencia diversas áreas do organismo, como o sistema motor, aprendizado, humor, entre outras. Os efeitos causados pelo THC são agitação, confusão mental, alterações na percepção de tempo e espaço, entre outros.
O canabidiol é um canabinoide não psicoativo e, juntamente com o THC, tem uso medicinal. O CBD tem efeito antagônico ao THC, pois enquanto o THC apresenta como um de seus efeitos, por exemplo, a agitação, o CBD traz uma sensação de relaxamento, podendo causar também sonolência.
O canabidiol (CBD) é um canabinoide não psicoativo e tem sido utilizado no tratamento de doenças, como a epilepsia refratária.
O uso da maconha com fins terapêuticos não é algo recente. Registros históricos da utilização da maconha para esses fins datam do século III a.C. A descoberta dos canabinoides causou um aumento nos estudos sobre os efeitos dessas substâncias no organismo, sendo o THC e o CBD as substâncias mais estudadas.
Com isso, foram descobertas diversas propriedades medicinais, e a utilização desses compostos está sendo a cada dia mais prescrita para o tratamento de diversas doenças.
Em relação ao THC, ele pode ser indicado para o tratamento de dores crônicas, esclerose múltipla, além de controlar os efeitos adversos dos tratamentos quimioterápicos, como náuseas. No entanto, por essa substância ser causadora de dependência, a análise dela é feita com mais ressalvas.
Já o CBD não causa dependência e já é utilizado na produção de medicamentos. Graças às suas propriedades calmantes, anti-inflamatórias, analgésicas, entre outras, o CBD é indicado para o tratamento, por exemplo, de epilepsias refratárias. Um dos principais resultados apresentados é a redução no número de convulsões.
Estudos mostram também que o CBD tem sido eficaz para o tratamento da doença de Parkinson, diminuindo os espasmos durante o sono e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
É importante destacar que a maconha é uma droga ilegal no Brasil, e a utilização de medicamentos ou substâncias extraídas dela deve ser feita mediante prescrição médica. Além disso, o uso indiscriminado de maconha, como dito em tópicos anteriores, pode acarretar diversas complicações.
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O Skunk ou Skank é uma forma mais forte da maconha, apresentando uma alta concentração de THC. Em razão dessa alta concentração de THC, há efeitos muitos mais severos, como a possibilidade maior de desenvolvimento de psicose em quem consome essa droga em relação a quem não consome maconha.
O Skunk é produzido por meio do cultivo da Cannabis em condições especiais de umidade, temperatura, nutrientes e luminosidade, o que acarreta a maior concentração de THC.
O haxixe é produzido a partir da extração de uma resina de inflorescências da maconha, depois de seca e prensada. Apresenta alta concentração de THC.
O haxixe é produzido a partir de uma resina que é extraída da inflorescência (conjunto de flores com arranjo definido) da maconha, depois de seca e prensada. Apresenta uma concentração maior de CBD do que de THC.
No entanto, a sua concentração de THC é, ainda assim, bastante alta, e seus efeitos, embora semelhantes aos ocasionados pelo consumo do cigarro da maconha, podem ser mais severos.
Fonte: Brasil Escola - https://www.biologianet.com/saude-bem-estar/maconha.htm