A depressão é uma doença psicológica que aflige milhares de pessoas em todo o mundo, sendo até mesmo a causa de um alto número de suicídios. Essa doença não pode ser negligenciada, e seu tratamento é extremamente importante.
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A depressão é um transtorno psicológico que se caracteriza principalmente por uma tristeza recorrente. Entretanto, ela não é apenas um estado de tristeza – alguns pacientes, inclusive, relatam não apresentar esse sentimento –, mas sim a falta de prazer em realizar as atividades do dia a dia, como trabalhar, estudar etc. Geralmente, os pacientes relacionam essa perda de interesse e de prazer a um estado de cansaço exagerado.
Existem evidências de que, no cérebro de um indivíduo depressivo, ocorrem alterações químicas, as quais estão relacionadas, principalmente, aos neurotransmissores, como a serotonina, noradrenalina e dopamina. Essas substâncias atuam na transmissão dos impulsos nervosos e estão relacionadas também a outras funções, como a resposta ao estresse de curta duração, sensação de bem-estar, prazer, entre outras. A depressão pode estar relacionada também a fatores genéticos.
Assim, a depressão não afeta apenas indivíduos que se encontram em algum momento da vida que possa levá-los a um sentimento de tristeza, como a perda de alguém querido, o término de um relacionamento ou o desemprego, embora esses sejam fatores que possam desencadear a depressão. Essa doença é uma perturbação mental que pode afetar qualquer pessoa, independentemente de idade, sexo, situação financeira.
Vale dizer que alguns grupos merecem uma atenção especial, como os adolescentes, jovens adultos, mulheres em idade fértil (em especial, no pós-parto) e idosos acima de 60 anos. Entre esses grupos, há uma prevalência maior de casos de depressão. Além disso, é importante dizer também que a depressão também é porta de entrada para outras doenças, pois pode causar alterações no sistema imune, além de processos inflamatórios.
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A depressão não está relacionada apenas com tristeza persistente, embora esse seja um importante sinal. Um indivíduo com depressão apresenta diversos sintomas que afetam significativamente o seu bem-estar, tais como:
Humor depressivo;
Isolamento social;
Perda de energia ou fadiga;
Alterações no apetite, levando a oscilações de peso significativas;
Alterações no sono, podendo apresentar tanto sonolência excessiva quanto dificuldade em adormecer;
Inquietação e perda na capacidade de concentração e tomada de decisões;
Sentimentos de inutilidade, culpa e desesperança excessivos;
Pensamentos recorrentes sobre morte e/ou suicídio;
Comportamento suicida.
A depressão pode ocorrer de diferentes formas, apresentando sintomas que variam entre leves e graves, podendo afetar a vida do indivíduo de diferentes maneiras. Aqui falaremos de algumas delas:
Transtorno depressivo maior: tipo de transtorno, crônico e recorrente, que apresenta uma série de sintomas, que podem variar desde alterações no sono e apetite a mudanças comportamentais. A perda da capacidade de concentração e tomada de decisões é um sintoma que afeta também a produtividade do paciente. Esse transtorno é umas das principais causas de incapacidade para o trabalho da atualidade. O indivíduo que apresenta o transtorno depressivo maior passa por fases de depressão que podem durar meses.
Transtorno bipolar: caracteriza-se por alterações entre estados de humor normal, depressivo e de mania. A mania é caracterizada por sintomas que são praticamente o oposto da depressão, como humor expansivo ou eufórico, entretanto, também pode causar alterações no sono, além de delírios, fuga de ideias, entre outros. O transtorno bipolar, assim como o transtorno depressivo maior, são transtornos incapacitantes.
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A adolescência é um período de grandes transformações físicas, psicológicas e sociais. Diante disso, o adolescente pode ficar suscetível a alguns transtornos, como a ansiedade e a depressão. A depressão no adolescente pode causar alterações físicas, emocionais e comportamentais.
O transtorno depressivo maior merece atenção especial, pois é causa de grande morbidade e mortalidade. O número de casos de suicídio entre adolescentes apresentou um aumento significativo nos últimos anos. Estudos mostram que cerca de dois adolescentes se matam por dia no país.
Assim, os pais devem ficar bastante atentos aos sintomas da depressão no adolescente, evitar relacioná-los à preguiça ou falta de uma postura forte mediante os desafios da vida e buscar assistência médica assim que os identificar.
São sintomas de depressão entre os adolescentes: choro sem motivo aparente, reações exageradas diante de rejeição ou falhas; uso de álcool, cigarro e outras drogas; dores de cabeça ou em outras regiões do corpo sem motivos aparentes; menor rendimento escolar, além dos demais sintomas comuns da depressão e citados anteriormente.
Além dos sintomas, é importante ficar atento também a alguns fatores de risco que podem desencadear a depressão. Entre os fatores de risco, podemos citar o fato de o indivíduo ser do sexo feminino, pois há uma prevalência da depressão em indivíduos deste sexo; baixa autoestima; bullying; distúrbios alimentares; ter sido vítima ou testemunha de qualquer tipo de abuso; casos de transtornos psicológicos, suicídio ou abuso de álcool na família; ter passado por alguma situação traumatizante etc.
A depressão é uma doença diagnosticada por meio da análise dos sintomas apresentados pelo paciente, além da análise dos fatores de risco, o que pode auxiliar também na sua prevenção. Nesse diagnóstico são avaliados os sintomas psíquicos, como tristeza persistente e diminuição da capacidade de concentração; fisiológicos, como alterações do sono e apetite; comportamentais, como comportamento suicida e retraimento social.
O tratamento é geralmente realizado por meio da psicoterapia. Em alguns casos, pode ser necessária também a administração de medicamentos, como antidepressivos.
Algumas mudanças de comportamento também podem auxiliar no tratamento da depressão, como:
praticar atividades físicas regularmente;
ter uma alimentação saudável (incluir verduras, frutas, peixes e oleaginosas, como castanhas e nozes, na alimentação);
dormir cerca de 7 a 9 horas por dia;
realizar serviços voluntários;
buscar realizar atividades prazerosas, como sair com os amigos, ouvir música, ler um livro e ir ao cinema.
Essas mudanças de comportamento auxiliam não apenas no tratamento da depressão, como também podem prevenir diversas doenças e trazer bem-estar, como você pode ver em: Benefícios das atividades físicas.
A depressão, se não tratada de forma adequada, pode levar ao suicídio, que, atualmente, é a segunda causa de morte de indivíduos com idade entre 15 e 29 anos em todo o mundo. No mundo, ocorre cerca de um milhão de casos de suicídio por ano. É extremamente importante que se acabem com os estigmas em relação às doenças psicológicas, como a depressão e a ansiedade, que são tachadas muitas vezes como fraqueza, entre outros termos pejorativos, pois só assim as pessoas procurarão ajuda.
O indivíduo depressivo precisa ser ouvido, apoiado e encorajado a procurar assistência médica para que esses casos não terminem em suicídio. O suicídio pode ser, na grande maioria das vezes, prevenido. A campanha Setembro Amarelo, organizada pela Sociedade Brasileira de Psiquiatria e pelo Conselho Federal de Medicina no Brasil, busca conscientizar a população sobre a prevenção do suicídio.
Se você apresenta sintomas da depressão, não tem com quem conversar e não sabe como procurar ajuda, entre em contato com o Centro de Valorização à Vida (CVV), um serviço gratuito de assistência emocional e prevenção ao suicídio. Você pode entrar em contato com o CVV por meio do número 188 ou e-mail e chats disponíveis no site: https://www.cvv.org.br/ |
Fonte: Brasil Escola - https://www.biologianet.com/doencas/depressao.htm