As queimadas são uma técnica utilizada, principalmente, para limpar uma determinada área para o plantio. Embora o fogo possa auxiliar no processo de germinação de algumas espécies e as cinzas originadas durante as queimadas atuem, em um primeiro momento, como fertilizantes, as queimadas constantes acabam por empobrecer o solo, poluem o meio ambiente e podem causar problemas de saúde.
No ano de 2020, no Brasil, recordes de focos ativos de queimadas foram registrados, especialmente, no Amazonas. Além da Amazônia, outro bioma extremamente afetado pelas queimadas é o Pantanal, o qual teve mais de 20% de sua área destruídos pelo fogo, afetando, inclusive, reservas naturais e terras indígenas.
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As queimadas são técnicas utilizadas tradicionalmente em quase todo o país, com o principal objetivo de limpar uma determinada área para o plantio. No entanto, é feita também para renovar pastagens, abrir novas fronteiras agrícolas, eliminar insetos pragas, entre outros.
É importante destacar que as queimadas controladas ocorrem dentro de limites preestabelecidos, tanto de localização quanto de intensidade das chamas. Entretanto, quando não se controla as chamas e elas se espalham desordenada e rapidamente, dá-se origem aos incêndios, os quais ocorrem de forma indesejada, podendo acarretar irreparáveis danos.
As queimadas no Brasil só podem ocorrer seguindo-se o que está determinado no Decreto de nº 2.661, de 8 de julho de 1998, o qual estabelece as normas de precaução relativas ao emprego do fogo em práticas agropastoris e florestais e dá outras providências.
As queimadas são utilizadas pelo homem, há muito tempo, como uma forma de limpar o solo para o plantio, sendo que as próprias cinzas funcionam como uma fonte de nutrientes para as novas plantas que brotarão.
É sabido também que o fogo é um importante fator para a quebra da dormência das sementes de algumas plantas, sendo essencial para que elas brotem. No entanto, as queimadas constantes acabam por desencadear o empobrecimento do solo. As altas temperaturas:
podem afetar a microbiota presente no solo;
aumentam a taxa de decomposição da matéria orgânica e de mineralização do solo;
alteram a capacidade de infiltração do solo;
afetam as taxas de evapotranspiração, além de deixar o solo exposto a processos erosivos, já que sua cama protetora é retirada.
As queimadas não afetam apenas o solo, sendo um dos agentes responsáveis pela poluição atmosférica. O lançamento de gases e partículas afeta a qualidade do ar, podendo desencadear diversas doenças na população, afetando também os ciclos hidrológicos, já que as partículas em suspensão interferem na formação dos núcleos de condensação.
Além disso, as queimadas contribuem para o aumento do efeito estufa, pois elas não só impedem que as florestas desenvolvam seu papel de retirar o dióxido de carbono da atmosfera, como aumentam o lançamento desses gases no ambiente. As queimadas também afetam a biodiversidade, pois, além de causarem diretamente a destruição de inúmeras espécies de animais e plantas, atingem inúmeras outras por destruírem seus habitat.
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Como mencionado, as queimadas lançam na atmosfera inúmeros gases e partículas, afetando a qualidade do ar não apenas na região em que isso ocorre, pois eles podem ser transportados por longas distâncias, afetando a saúde de inúmeras pessoas. Os efeitos que as queimadas podem causar na saúde variam conforme o material queimado, a intensidade das chamas e a distância em que a população encontra-se do local da queimada, por exemplo.
Quanto mais próxima a população estiver da queimada, maiores as chances de intoxicação, devido ao lançamento de material particulado e substâncias tóxicas no ambiente, e de asfixia, devido à redução da concentração de oxigênio e ao aumento do monóxido de carbono, o qual se liga à hemoglobina no sangue, impedindo-a de ligar-se ao oxigênio. Algumas doenças também podem ser desencadeadas pelo efeito das queimadas, como:
asma
bronquite
infecções do sistema respiratório superior
desordens cardiovasculares
No ano de 2020, o Brasil registrou os maiores números de queimadas da história, sendo a Amazônia o bioma mais afetado, computando 45,6% dos casos. Até setembro deste ano, no estado do Amazonas, já haviam sido registrados mais de 15.700 focos ativos. O recorde anterior teria sido no ano de 2005, o qual acumulou um total de 15.644 focos ativos.
Além das queimadas, a Amazônia também sofre com o desmatamento, sendo ambos processos relacionados entre si, já que as queimadas são utilizadas, muitas vezes, para limpar o solo desmatado a fim de ser utilizado para agricultura ou pecuária.
O Pantanal também é um bioma que foi profundamente afetado pelas queimadas. Segundo dados do monitoramento realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, até setembro do ano de 2020, cerca de 23% do bioma, incluindo-se reservas naturais e terras indígenas, haviam sido destruídos pelo fogo. Neste ano, o aumento das queimadas nesse bioma foi de quase 200% em relação ao ano anterior. É essencial a elaboração de políticas eficazes de conservação para esses ambientes.
Fonte: Brasil Escola - https://www.biologianet.com/ecologia/queimadas.htm